5 de janeiro de 2009

A luta continua...

Diálogos interessantes são difíceis de encontrar... pessoas para os ter, mais ainda...

"Viva Liberto

Em primeiro lugar quero salientar que apreciei bastante a sua reacção ao meu comentário, embora a considere um pouco dúbia...

Como é capaz de afirmar que sou tão corporativista quando sou o primeiro a apontar o dedo a todos os orgãos superiores (Ministério da Saúde, Direcção Hospitalar, Governo em geral, etc...)? É que, ainda por cima, foi o Liberto o primeiro a mencionar as questões monetárias, regimes de exclusividade, etc, factores estes que possuem uma forte conotação corporativista/empresarialista/capitalista ou como lhe queiram chamar...

Em relação aos valores que os mencionados profissionais de saúde auferem, acho que isso dá muito pano para mangas pois as realidades entre enfermeiros e médicos são totalmente díspares... Como é óbvio, se o salário base de um contabilista (por exemplo) for de X € mensais, num universo de 100 contabilistas irá sempre haver 1 ou 2 que auferem 3 ou 4 vezes mais... Temos um exemplo simples: por um lado temos enfermeiros no desemprego que, por vezes, conseguem arranjar umas horas numa clínica a ganhar 3€/hora; por outro lado temos o facto de, recentemente, o Governo ter imposto um limite legal de 35€/hora a um médico que faça umas horas numa urgência (porque até agora era, em muitos casos, mais do dobro).

No que diz respeito à falta de empenho de qualquer profissional caso exerça um "duplo" por certo deverá referir-se a alguma experiência de quem tem conhecimento... Concordo que haverá pessoas que não conseguem conciliar o stress e o volume de trabalho inerente ao desempenhar de duas funções, análogas ou não, mas também concordo que terá atacado muito boa gente que, ao ler o seu comentário, se sentiu ofendida... Pessoalmente eu senti pois, não por necessidade mas por gosto pessoal, desempenho um "duplo", mas não é por isso que o meu empenho no meu local de trabalho principal é menor, sendo que, muitas vezes, até acaba por ser potenciado.

Também concordo consigo quando aborda o tema da exclusividade mas, como pode o Governo, obrigar à exclusividade quando nem sequer paga o que deve aos trabalhadores ao fim do mês? É complicado...De facto, como referiu no seu primeiro comentário "há países piores que o nosso"... eu até acrescentaria que há muitos países bem piores que o nosso (e falo de experiência própria)... mas daí até falarmos em "mercenários" vai um longo caminho...

Mercenários são todos aqueles como o user "Sungaro" que dizem "somos nós que lhes pagamos", como se os profissionais de saúde não descontassem para todo e qualquer imposto.

Mercenários são todos aqueles que, como referi anteriormente, vão à Urgência porque "são isentos e fazem os exames todos" sendo que, de cada vez que lá entram, todos nós pagamos 106€ ao hospital pelo seu episódio de urgência.

Mercenários são todos aqueles que se dizem doentes e trabalham no dito "duplo", que se dizem desempregados mas que nem procuram emprego, que prestam serviços sem os declararem fiscalmente, etc...

Mercenários são todos aqueles que agridem quem deles cuida (um colega meu ficou com um corte na testa de uma cabeçada na triagem) e que depois ainda são "coitadinho que estava embriagado".

Mercenários são os que pertencem às administrações hospitalares que vêm os seus funcionários agredidos e não colocam a PSP à entrada nem defendem os seus funcionários em tribunal, fazendo acordos manhosos para não prejudicar a imagem hospitalar.

Realmente tenho que lhe dar razão em mais um ponto... pululam aí muitos mercenários (e muitos a ganhar 3, 4 e 5 mil euros)

Atenciosamente"


Dá-lhes João...

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